O FUTURO É INEVITÁVEL
Em um país desolado por monstros, medo e caos no centro de uma cidade, um ciborgue enfrentava um exército do governo. Ele habilmente os despistava enquanto corria em direção à sua casa, já que o local não era mais seguro. No meio do desespero, enquanto reunia suas coisas, ele encontrou uma foto de quando era criança. O momento, ativou seus arquivos de memória, e ele teve um flashback de sua história.
Se você está lendo isso, deve estar se perguntando quem é esse ser metálico e tecnológico. Mas, acredite ou não, sou eu: Skyton, feito de carne, osso e metal. E esta é a minha história.
Carregando biografia_V1.0, aguarde… Completo.
Bem, vamos começar do início. Meu nome verdadeiro é Clay Will e nasci na cidade de Serraville, localizada em um país chamado Brazuera. Lembro-me que minha primeira memória foi do meu pai tirando uma foto minha, ele conheceu minha mãe, Joana Will, quando trabalharam juntos em uma grande empresa de tecnologia do país. Meu pai, Max Will, vindo do exterior, tinha um espírito empreendedor e era um amante da tecnologia, quando era jovem, passou por várias empresas, aprendendo como elas funcionavam por dentro, para que pudesse criar a sua. Entre essas empresas, ele conheceu minha mãe, vinda do interior do país, ela era uma engenheira de computação formada, bastante concorrida pelo mercado.
Quando se casaram, criaram a FastFenders, uma empresa de automação de processos e serviços que, embora tenha começado pequena, aos poucos foi conquistando o mercado nacional. Após alcançar tanto sucesso, minha mãe realizou o sonho que muitos pais têm: ter filhos.
E logo em seguida, tiveram apenas eu como filho.
Sempre fui filho único, já que meus pais teriam problemas com suas agendas se tivessem mais crianças. Desde pequeno, era muito curioso, e até demais, eu acho Hahaha. Frequentemente queria saber como as coisas e aparelhos funcionavam, adorava desmontar as coisas para ver como elas funcionavam por dentro, desde meus brinquedos até eletrônicos, o único problema é que não sabia montar de volta Hehe. Uma vez, lembro-me que na creche, a professora saiu da sala por 10 minutos e quando voltou, me viu com uma chave de fenda que encontrei e, ao lado, a TV da sala que desmontei nesse meio tempo, meus pais quase me mataram naquele dia depois do tanto que ouviram da diretora Hahahahaha.
Mais tarde, entrei na escola. Sempre fui introvertido e uma pessoa de poucas amizades, não gostava de muitas pessoas por perto ao mesmo tempo, mas tirava boas notas e conseguia ser o melhor da turma, eu era praticamente o estereótipo do nerd. Claro que, como todo estereótipo fiel, boas notas não me salvavam do bullying, já que os valentões frequentemente pegavam no meu pé para passar respostas, afinal, meu caderno era uma utilidade pública para cola. Lembro-me até de uma vez que recusei a emprestar e me jogaram de uma escada e fiquei com uns 5 ossos quebrados. Felizmente, depois que comecei a praticar academia e esportes de autodefesa e fui crescendo, me deixaram em paz ao longo do tempo.
Nas horas vagas, gostava muito de programar e, como qualquer moleque da minha idade, jogar videogame por horas e brincar com meu melhor amigo, Nicolas Rocha.
Nicolas vinha de uma origem mais simples. Eu o conheci no ensino fundamental em uma escola pública, quando ainda não estudava em uma escola particular e posso dizer com tranquilidade que ele foi meu primeiro melhor amigo. Suas paixões e interesses giravam em torno do mundo da cinematografia e do basquete profissional, Nicolas sempre foi o melhor jogador do time da escola, mas eu não era muito chegado a esportes, então ficava no banco observando. Contudo, seus pais condenavam esses interesses, pois eles eram servidores públicos no serviço militar e trabalhavam em projetos sigilosos do governo, eles queriam que Nicolas seguisse o mesmo caminho, mas é óbvio que ele não queria, por isso, desabafava comigo às vezes. Meus pais eram muito amigos dos dele.
Após me formar na escola, decidi seguir os mesmos passos do meu pai. Queria ir para a faculdade e, ao mesmo tempo, arranjar estágios para aprender sobre o mercado de tecnologia e empresas para criar a minha. Felizmente, passei em uma das melhores faculdades do país e estava em um dos pontos altos da minha vida. Eu sabia que tinha um futuro empolgante pela frente.
Enquanto isso, durante todos esses anos, a cidade de Serraville estava se expandindo e se tornando um polo de tecnologia e economia mais forte do país. Ano após ano, pessoas migravam de várias partes do país para viver lá, e grande parte desse crescimento se deve também aos meus pais, cuja empresa criou várias soluções para a cidade e prestava muitos serviços para o antigo prefeito, o Senhor Rafael Barreto.
Infelizmente, isso mudou nas eleições dos últimos anos. Com o tempo, surgiram candidatos do partido PSI (Partido Social Igualitário) que tomaram conta de cidades e estados em todo o país, inclusive em Serraville. O sucessor do prefeito da cidade foi Bruno Mendes.
Bruno Mendes, mais conhecido como “Mandola” pelo seu rigor, tem a típica história de político populista que veio de baixo e, de repente, começou a entrar nesse mundo para ajudar os mais pobres. Mandola é um político que caiu no gosto da população da cidade com sua arte de disseminar falácias sobre seus oponentes e fazer promessas falsas, e mesmo que não conseguisse vencer seus oponentes nos holofotes, por debaixo dos panos, ele achava um jeito de desbancá-los e tirar de cena qualquer um que soubesse sobre a verdade dos seus métodos sujos.
Assim como membros do seu partido em todo o país, eles vieram com promessas mirabolantes de construções, programas sociais, benefícios, etc. Mas nunca mencionavam de onde tirariam dinheiro para isso. Além disso, eles achavam que limitar discursos em prol do politicamente correto era correto, apresentavam-se como defensores da classe trabalhadora com habilidade retórica. Suas campanhas? Se baseavam em ataques, notícias falsas e mais trapaças, bancadas com o dinheiro do povo.
Meus pais sentiram bem essa mudança depois que Mandola assumiu o cargo, já que tinham relação próxima com o anterior, e desde o início, foram oposição a todos os atos desse novo governo. Lentamente, não só Brazuera, como a cidade de Serraville começou a ficar mais pobre, mais corrupta e com uma baixa qualidade de vida. Com o tempo, ninguém podia falar mal do governo ou expressar sua opinião sem ser punido por “desacato à autoridade pública”, a inflação disparou e a violência tornou-se mais presente por meio de roubos e vandalismo que destruíam tudo.
Na época, eu estava no segundo ano da faculdade e trabalhava em meu projeto de nanorrobôs que construíam matéria. Eu e Nicolas, que também estudava lá, morávamos no dormitório da faculdade para conhecer pessoas do campus. Naquele momento, a faculdade enfrentava problemas para arrecadar fundos, e meu projeto poderia atrair novos investidores. Eu pretendia apresentá-lo na conferência anual de tecnologia da faculdade após as férias. Durante esse período, eu iria passar as férias em casa com minha família e já estava fazendo as malas para o voo que havia marcado. De repente, meu pai, que estava em um avião, me liga ofegante para falar comigo. Ele parecia ter descoberto algo horrível:
– Alô?
– Filho, estamos voltando de uma reunião com a polícia. Amanhã estaremos em casa.
– Polícia? O que aconteceu?
– O governo está armando algo grande contra a população. Apenas volte o mais rápido, ok?
– Pai, você está bem? O que eles vão fazer?
– Filho, eles vão…
E de repente, a ligação caiu, tentei ligar várias vezes, mas eles não atenderam. Voltei para casa correndo em uma viagem de horas, e quando cheguei, fui informado por parentes que uma das turbinas do jatinho parou de funcionar e o avião caiu, explodindo em uma floresta, muitas pessoas me deram pêsames e compareceram ao funeral, incluindo funcionários, amigos, conhecidos e familiares, mas Nicolas e seus pais não compareceram, por algum motivo, eles viajaram de última hora e estranhamente não me ligaram depois do ocorrido. Foram dias de luto…
Tempos depois, a polícia me entregou alguns dos pertences dos meus pais, entre eles o celular do meu pai que havia voado pela janela, estava todo quebrado, mas o chip de memória ainda estava intacto. Fazendo uma varredura completa, encontrei arquivos sobre o que meu pai temia em conversas com os pais de Nicolas: planos do governo para criar uma arma biológica que gera mutações e altera a fisiologia de quem entra em contato, transformando-os em verdadeiros monstros.
Eu mal podia acreditar no que estava vendo, então comecei a ligar os pontos e pensar: “Será que sabotaram o voo? Será que estavam tentando impedir meus pais? Será que foi o governo? Será que Nicolas e seus pais estão em perigo por revelarem esses arquivos?”. Horrorizado, não hesitei em ligar para as autoridades, mas antes de tocar no botão para fazer a chamada, uma bomba de gás foi lançada através da janela da cozinha. O gás se espalhou pela casa, e acabei sendo a primeira vítima da arma.
Fiquei no chão, agonizando de dor, e pouco a pouco meu corpo começou a se transformar, tentei gritar para chamar ajuda, ligar para alguém, mas não tive sucesso, a cada segundo que passava, ficava mais próximo de virar um monstro ou até mesmo morrer, foi o momento mais assustador da minha vida, não conseguia aceitar morrer tão cedo ali, sem chance de fazer nada. Mas eu tinha uma última chance, em meio a vários pensamentos desesperados de como sair daquela situação, me lembrei que, quando voltei para casa, trouxe um protótipo com uma linhagem de nanorrobôs para finalizar e fazer alguns ajustes a tempo de apresentar na conferência, minha primeira pesquisa era ver se eles poderiam curar doenças e regenerar tecidos, mas no meio do processo, eles se fundiram com o corpo. Sem escolhas, engatinhei e me joguei pelas escadas do porão, onde havia guardado eles, e libertei a caixa de nanorrobôs. Rapidamente, eles passaram pelos poros da minha pele e lutaram contra a toxina e depois de 10 minutos, me senti melhor.
– Nossa! Achei que seria pior.
Mas falei cedo demais. De repente, vi minha mão se tornando metálica e partes do meu corpo se transformando pouco a pouco, os robôs foram assumindo algumas funções do meu corpo e, quando chegaram ao meu cérebro, fiquei inconsciente por 5 dias.
Ao acordar, percebi que meu corpo estava coberto por uma armadura do pescoço para baixo e em questão de segundos, uma avalanche de informações inundou minha mente. Minha consciência se expandiu para o meio tecnológico e se conectou à internet, permitindo-me absorver conhecimentos e habilidades inalcançáveis para um ser humano comum.
Demorei um tempo para aceitar o que havia acontecido e perceber que aquilo, por enquanto, não tinha volta. Então, passei um tempo aprendendo a controlar meu novo corpo e consciência. Graças às minhas habilidades sobre-humanas, adquiridas por meio de meu conjunto de armaduras e rápido aprendizado por meio de IAs, sou capaz de me adaptar rapidamente e enfrentar adversários com habilidades extraordinárias.
Mas voltando para aquele momento em que acordei naquele dia e tentei me lembrar do que tinha acontecido, perguntando-me como alguém sabia que eu estava na posse daqueles dados e como tinham me encontrado, involuntariamente, meu sistema escaneou a casa inteira e achou escutas, pegando o IP delas, chegou até o de origem que vinha do governo. Hackeando-o, e descobri que espionavam meu pais há meses, foi desse jeito que me descobriram. Mais a fundo nos servidores, encontrou conversas ordenando um míssil a ser disparado no avião, a mando do governo.
No entanto, com medo das pessoas me verem daquele jeito, decidi me mudar para uma casa abandonada no bairro mais pobre da cidade. Devido ao meu sumiço, familiares colocaram cartazes de “procurado” na esperança de me encontrar, mas eu não tinha certeza de como eles iriam reagir, além disso, seria pego novamente se tentasse me comunicar com eles e colocá-los em perigo também. Como na região que escolhi morar só havia usuários de droga, ninguém iria acreditar em algum deles falando “eu vi um homem com partes de máquina no corpo”.
Sedento por vingança, passei esses meses aceitando o que aconteceu e treinando para invadir prédios e recolher provas do que haviam feito comigo, e quando chegou a hora, invadi à força o centro de pesquisa e força militar da cidade. Hackeando o banco de dados deles, consegui todo o mapa do local, acesso a todas as câmeras e alarmes, funcionários, entradas e todos os movimentos diários de cada um ali no prédio, e com isso em mãos, calculei o passo a passo mais rápido para invadir o prédio, o que não foi nada difícil, e depois, não tenho muito o que falar, os nanorrobôs se moldaram para uma aparência de segurança, mas independentemente da fidelidade, nem cheguei a ser visto, já que, calculando a rota e os costumes de todos, entrei e saí sem ser visto.
Porém, quando estive lá dentro, entrei no subsolo do local. Curiosamente, era lá que ocorriam todas as práticas de experimentos ilegais, além de armas biológicas, mas prefiro não citar o que vi com mais detalhes para não te horrorizar.
Entrando na sala de arquivos, dirigi-me para a sala demarcada no mapa e lá encontrei um monte de dados de amostras e planos, inclusive o plano para meu assassinato que deu início a tudo isso. Ainda posso sentir a agonia que senti naquele dia…
Ao sair da sala, ainda restava entregar as provas às autoridades. Combinei um local seguro para a coleta das provas e meu depoimento, escolhendo um beco pouco movimentado e longe do centro, entreguei as provas e, após ouvirem toda a minha história e verem minha aparência, eles mal acreditaram no que viram com seus próprios olhos.
“Inacreditável, este é provavelmente o maior caso que já lidei em minha vida”, disse o coronel.
“Entendo, agora vocês precisam ser rápidos, não há muito tempo”, eu disse.
“Sim, vamos levar tudo isso agora mesmo para nossa equipe e tomar providências.”
“Agora não podemos usar o seu nome real, pois vamos arquivar isso e provavelmente vão atrás de você. Como você quer ser chamado?”
Meu sistema gerou um codinome instantaneamente e eu disse: “Me chame de Skyton, senhor.”
“Ok, Skyton, a justiça será feita.”
E como eu queria que tivesse sido feito, semanas depois, várias acusações contra os laboratórios e governantes foram feitas, parece que não fui o único a revelar o esquema deles. Eles estavam encurralados, iriam ser presos e impeachmados. Sem escolha, eles soltaram o vírus por todo o país, e adivinhem qual foi o primeiro local que eles escolheram?
Quando olhei ao redor, diversos monstros surgiram à minha volta, e agora, pessoas que antes fugiam do país devido à situação econômica, corriam para salvar suas vidas. A população foi diminuindo cada vez mais, mas para impedir isso, figuras monstruosas surgiram para tomar as rédeas da situação e impor uma terrível ditadura, colocaram soldados em cada esquina e impediram que as pessoas fugissem do país. Eles Criaram até um registro de cada cidadão para vigiar o que todos faziam e assegurar que ninguém iria trair o regime, batiam de porta em porta e forçavam as pessoas a perder sua privacidade e liberdade em prol disso. Com o tempo, já não era mais seguro ficar onde eu estava, e quando fui abordado na rua, finalmente chegamos à cena inicial.
Eles falaram: “Você tem habilidades e aparência incomuns, mas não é um monstro. Venha conosco imediatamente, ficará sob nossa custódia para servir ao regime no exército.”
Obviamente, eu não ia me submeter a uma coisa dessas, então falei:
“Mas eu sou do exército, olha meu cartão. Venham mais perto.”
E quando ele vem mais perto, minha mão se transforma em uma bazuca de laser e explodo a cabeça dele.
Lógico que tudo isso chamou a atenção deles. Eu precisava pegar minhas coisas, então fui rapidamente para casa e parti para um lugar melhor.
… Fim da memória. Agora, retornando à visão principal, aguarde… Completo…
“Parece que foi ontem que tudo isso começou…”
A casa é cercada por guardas de todos os lados, e antes que eles possam entrar, Skyton quebra o teto e sai voando. Do alto, ele vê tudo destruído e se pergunta para onde ir e como vingar a morte de seus pais e se perguntando onde Nicolas e seus pais se encaixam em tudo isso.
Continua…
